Depoimentos

O que significa para si a Candidatura do Fado a Património da Humanidade?

Mariza

É com orgulho que reconheço o Fado como uma força presente na minha vida desde a infância, que sempre foi e continua a ser o elemento base da minha energia criativa, ao qual tenho vindo a consagrar a minha actividade profissional ao longo de 10 anos Assim sendo, só posso sentir uma enorme alegria por esta candidatura e acreditar profundamente no seu interesse. Todos gostamos quando somos apreciados enquanto povo e cultura, e este reconhecimento será uma dessas ocasiões.

Ana Moura

Significa para mim uma enorme oportunidade para nos ajudar a cimentar ainda mais a imagem do fado a nível internacional. O fado já é, para os portugueses e para muitos estrangeiros, património da humanidade, mas o prestígio inerente a este eventual reconhecimento por parte da UNESCO será obviamente importante. Penso que esta candidatura tem também já o mérito de nos fazer pensar a nossa relação, enquanto povo, com o fado, nomeadamente ajudando-nos a conhecer melhor esta maravilhosa expressão musical num momento em que o público nacional demonstra constantemente um evidente carinho pelo fado através da forma como compra discos ou enche os espectáculos. O fado é, sem dúvida, uma das principais ferramentas da afirmação cultural internacional de Portugal, porém penso que muito ainda é possível fazer e é essa janela de oportunidade que esta candidatura abre e que nos poderá permitir divulgar o fado junto de muito mais pessoas em todo o mundo.

Camané

É uma forma de dar maior visibilidade ao fado e assim, também, fazer com que o resto do mundo se interesse por esta música, a queira conhecer, entender e sentir de forma mais profunda.


Cristina Branco

Significa a mudança oficialmente reconhecida (assim o espero) da idade do fado menor, que aliás nunca o foi senão apenas enquanto um estilo de fado ou no recato de algumas mentes tacanhas, para uma idade maior, no sentido de se Ver finalmente no Fado um assunto do mundo. Assunto melódico, poético, sinfónico, filosófico, existencial… Entendo o Fado como uma identidade múltipla numa sonoridade única. Uma ambiguidade que lhe enriquece o mistério, própria de uma música cuja natureza incerta (os entendidos que me desculpem) é talvez um sinal premonitório da sua universalidade. Quando canto um fado, seja em Lisboa ou em Buenos Aires, e seja este um fado dito tradicional, ou um fado como eu o entendo, sinto-me alguém que canta sentimentos do mundo, tão válidos numa taberna do Cais do Sodré como no abrigo de montanha de uma cordilheira nepalesa. Por isso o Fado será naturalmente património da humanidade.

Katia Guerreiro

Para mim não significa mais do que a tentativa de preservação de um património cultural que, ainda sem ter o título de Património da Humanidade, já o é, avaliando pelos milhões de seguidores por todo o mundo!

Mafalda Arnauth

Em primeiro lugar esta candidatura representa para mim o corolário justo do dignificante trabalho de um núcleo imenso de pessoas dedicadas a tornar esta candidatura possível, viável e inquestionavelmente importante para a cultura portuguesa e a sua expressão no mundo. Significa também o reconhecimento de todos da importância inequívoca que o fado assume na comunicação de Portugal e dos portugueses à Humanidade, reconhecimento esse que pode, no meu entender, acrescentar ao país e especialmente a este nosso momento da história um particular orgulho, auto- -estima e consciência de real qualidade, que tanta falta nos fazem. Desejo profundamente o sucesso desta candidatura por entender que é finalmente e acima de tudo uma digna recompensa para todos os cantores, músicos, compositores, letristas, arranjadores e pessoas de alguma forma envolvidas na História do Fado, cujas vidas foram inteiramente dedicadas ao compromisso com esta Música.

Maria da Fé

Tudo o que for feito para ajudar a defender e a divulgar o Fado é bom. Sempre tive orgulho em ser fadista, pois dei tudo ao fado e o fado também me deu tudo a mim. Se não fora o fado não seria a Maria da Fé. Por isso agradeço ao fado tudo aquilo que sou. A candidatura do Fado a Património Cultural Imaterial da Humanidade, que eu apoio, é uma iniciativa que vai promover esta canção genuinamente portuguesa, dentro e fora do País. Acredito que com a decisão da UNESCO começará uma nova era para o fado e encherá de orgulho todos os construtores do fado, desde intérpretes, autores e músicos até aos editores e restaurantes típicos credenciados. Oxalá que com a decisão se consiga fazer um filtro para que o fado seja mais dignificado e comecem a existir regras para todos os seus intervenientes. O Fado, Lisboa e os Portugueses vão ficar de parabéns por verem a sua canção identificadora da sua entidade reconhecida mundialmente como única e original.

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